Entre o fim e o começo, existe o pequeno rasgo onde as infinitas possibilidades estão em alvoroço, saltitantes, espectantes, afervoradas.
Escolhe-me... Escolhe-me... Escolhe-me...
domingo, dezembro 31, 2006
Lentes - Final
Cheque em branco
Comecei o ano com um arco-íris estampado no rosto. Ao longo do percurso, as cores foram-se esvaindo, hoje, só o arco permanece.
A noite de 31 para o 1º dia do ano novo, sempre se me afigurou de mágica. Tão mágica que ainda hoje espero por tal passe que me deixe assombrada.
(nunca fiz tal, mas amanhã apetece-me listar o balanço do ano que passou)
Também não será esta a noite em que vou concretizar o meu desejo de perfeita comemoração da morte e renascimento: Celebrar a continuidade.
(durante o correr do ano, existe a continuidade materializada; esta noite seria portanto o momento ideal para que se parasse e exaltasse tal 'materialismo')
USAGE: Apply on face, hands and entire body:
Honestidade.
Usem-na no vosso e no dos outros. Sejam mais honestos do que a própria consciência vos dita.
É o que vos - e me - desejo para 2007.
sexta-feira, dezembro 29, 2006
Entre pescadores
Disse-me ele que, quando lá voltasse, não perdesse o rodovalho. O que ele não sabia é que eu já lá fui musa piscatória.
Nem dois minutos o isco esteve na água, e cá veio ele...
Cabo Carvoeiro, 2006
Não deve ser rodovalho, mas...
quinta-feira, dezembro 28, 2006
domingo, dezembro 24, 2006
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Dúvida
Sei que me prendo a pormenores ridídulos e a eles me atraio como polaridade negativa, mas... saberá alguém explicar-me semelhante parafuso:
Orientação religiosa : Ateu Não praticante
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Da mala para fora
Não vejo qual é o prazer que têm certas pessoas em vestir roupa completamente encharcada com cheiro a naftalina, principalmente quando, nos dias que correm, a maior parte das etiquetas reza poliéster.
Mas mais grave ainda é quando essa mesma roupa encharcada serviu para acolchoar caixas de broínhas numa viagem transatlântica.
Isso, sim, ultrapassa o ridículo da primeira cena.
Arrghhh! Que sabor horrível...
domingo, dezembro 17, 2006
Operação "Nariz Vermelho"
Versão 1:
- Atão... vai mais uma?
- Epá, é melhor não, vou conduzir.
Versão 2:
- Oh Manel, bebes outra?
- Hmmm, se calhar não. Sabes que vou caminhar.
Portanto, já deviam saber: Nesta quadra que atravessamos, se beberem -- demasiado --, não saiam do local onde se encontram.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Com Scorpions como som de fundo
... e uma lebre a fugir diante dos faróis do carro, escuridão a envolvê-la, e duas pesadas galochas a tentar surripiá-la à natureza.
Aí pelos oitenta, meados de. Era o ano das viagens intermináveis a Espanha, apesar de já não ser o tempo da carne de vaca barata escondida debaixo do assento do carro, ou do azeite quase de borla, mas também mais oleado. Não. Não era esse tipo de ano. Isso tinha sido um pouco antes.
Era o ano do esconderijo lá para o cume de Manzaneda, a Cabeza esbranquiçada, local onde minha mãe pediu que nos calassemos pois queria ouvir o silêncio. Ano das vacas arremessadas para o monte de manhãzinha bem cedinho naquele Estio de espigar o cabelo durante o pico do dia e só voltarem pela noitinha, preguiçosas, calmeironas.
Merenda parca. Corpo mingado. Ano do trevo de quatro folhas.
Ano do ninho invadido por estas mãos descuidadas, e dos quatro passarinhos que passaram a comer minhocas apanhadas por estas mesmas com mais cuidado.
Em abono da verdade também digo: Nem sei se realmente foi um só ano, ou menos, ou mais, mas foi sim, recheado.
Até a minha vizinha aprendeu uma lição. De olhos esbugalhados, mãos entrelaçadas por sobre o regaço negro de viúva secular, espanta-se e nós de seguida o ficamos, Não percebo como é possível? Esta gente nunca me viu mas todos sabem o meu nome!.
O seu nome: (Zul)mira.
Ali devias ter ficado, Pai. Talvez com essa decisão não tomada ainda estivesses no meio de nós. As saudades de ti doem.
segunda-feira, dezembro 04, 2006
No sentir e aprender
Quando se é mãe, não faltam motivos para que nos sintamos como um balão prestes a explodir de alegria. Mas pelo meio de todos esses fenómenos que vão empolando ao calhas pela nossa vida fora, existem dois momentos, até à data, que não requerem sequer uma impressão a papel para o futuro, pois duvido que os possa vir a esquecer.
Um deles, aquele momento em que sentimos o peso daquele volume que transportamos durante largos meses a ser transferido para o exterior do colo, ser colocado aqui bem perto do peito onde lhe sentimos, finalmente, a respiração.
O outro é aquele dia em que, de repente, damos conta que os nossos rebentos ganham manejo próprio e coordenam, por si mesmos, o visual com a fala e começam a ler. É como se as rédeas lhes tivessem sido passadas para as suas mãozitas naquela primeira vez que tal sucede.
Esta semana foi o David. O último e, talvez por essa razão, o mais precoce. Porque não o esperava de todo, fiquei alarmada com tal procedimento até e penso se me está a faltar o tempo habitual que costumava passar com eles.
A partir de agora já posso retirar o Scrabble do armário onde tem estado escondido .
Abrir janelas
Foi criado com o objectivo de ser mais do que um trabalho a dois, no entanto, o tempo não lhe tem estado de feição, adiando cada vez mais a sua apresentação, e colocando-o este tempo todo na penumbra.
A quem esteja interessado em se juntar, será um enorme prazer abrir as portas do
terça-feira, novembro 28, 2006
Ao de leve, e ele voou
Acho um absurdo quando leio as queixas desenroladas daqui e dali; bolas de cotão atravessadas na goela.
Não é o país que é o carrasco em vida.
Nem tampouco se aproveita dos louros da nacionalidade após a morte do poeta.
Será que não há maneira de compreenderem que poeta - poeta que o seja - é assim mesmo?
É ele próprio que se isola durante a vida e, nessa mesma escolha pessoal, se eleva após a passagem.
sexta-feira, novembro 24, 2006
quarta-feira, novembro 22, 2006
Beijo-alimento
Eu já me tinha perdido da ideia de arrematar o desafio inicial que fiz ao beijo, mas ao deparar-me agora com umas poucas linhas que resgatei para um papel preso no frigorífico, achei por bem remir a consciência. Resgatei porque esquecia, porque a mente, naquele momento, insistia em fugir.
Hoje leio-as, pela primeira vez que me lembre. No papel tinha imprimido a receita de Sonhos escrita à mão e à pressa. Sonhos. Imagine-se a casualidade do encontro.
E é isto que leio:
Dos lábios verte a saliva que um dia mastigou o alimento que nutriu o ser que brotou de nós. Assim dizem eles, os entendidos. Alguns deles.
O beijo de agora, perpetua esse chamamento ancestral de pré-mastigar os alimentos e alimentar os infantes. O beijo agora alimenta-nos a alma e dá a alimentar quem amamos.
Foi só isto que escrevi, mas mais haveria lá por dentro. Desconfio que ficou embrenhado com a manteiga e a farinha..., sem esquecer o sal.
Outros há que defendem que o beijo passional teria começado pela troca de tabaco ou resina mascados pelo macho e dado a oferecer, preso entre os seus dentes, à fêmea, que se aceitasse o pedaço mastigado, seria sinal de aceitação do amor do rapaz. Dizem eles que este ritual se verificava ali pelos lados do Vale de Ziller, na Europa Central.
De maneira que tudo isto me leva a crer que, à nascença, poucas ferramentas trazemos connosco. Mas trazemos sim. Umas duas ou três, se talvez. Que vamos aperfeiçoando à medida que crescemos. Adicionamos apetrechos àquelas que já temos; deixamos cair em desuso quando já não necessitamos; tudo mediante a interacção com o ambiente em que vivemos no momento.
Se sempre se beijou do modo como o fazemos neste presente?
Não penso. Até neste aspecto há, não sei se lhe chamaria evolução, mas há, concerteza, mudança.
Se iremos continuar a beijar deste modo?
Também não penso que isso irá acontecer.
Texto escrito com o pensamento neste filme.
Material oscular pescado daqui.
quarta-feira, novembro 15, 2006
Parte 1
A voz. Sempre aquela voz inconfundível e o burburinho ao meu redor que me impede de a ouvir. O burburinho e os impropérios habituais carinhosos do usual minha em vez dum insensível sua que nunca o será. Porque frio e distante - o pronome. A miudagem corre e percorre uma casa que desconheço. Uma casa com paredes mornas de madeira.
E a pergunta! Falta-me descodificar a pergunta sobre o texto - mas que texto?
Vai-se a voz, não se ouve aquele tom contínuo costumeiro do final e, eis que entra nova chamada. De novo mas desta feita sem a voz. Só o tilintar das teclas de uma velha máquina de escrever. Tamborilar incessante, gaiatos que escalam paredes e procuram elevar sons, um redemoinho de melodias que me obrigam a procurar uma parte sossegada naquele recanto que me faz sentir em casa mas que o não é.
Queres ouvir o que me rodeia, o meu dia-a-dia.
Desfaz-se esta imagem, aparece uma outra ainda mais intrigante. Cheias num rio de que não me recordo ou não desejo pronunciar o nome; pessoas que o atravessam quase a nado, de regresso ao lar após o labor, e eu de carro salto com este, de um lanço, sem medir o medo estampado no meu rosto, uma parte que me afundaria, apoiando-me, ao de leve, num pedaço de madeira que flutua perdida, e me deixa aterrar em margem segura.
domingo, novembro 12, 2006
Aprendi há poucos dias atrás, uma expressão curiosa:
"Friends with benefits".
Não me admirei tanto pelo facto de desconhecer tal dizer e já me abeirar dos quarenta; mas sim por saber que de facto existem tais pessoas com esse modo de vida. Será esta uma versão remodelada, ou moderna, da mais velha profissão do mundo?
sexta-feira, novembro 10, 2006
terça-feira, novembro 07, 2006
Carrossel
O meu record matinal da sexta-feira passada: De olhos esbugalhados salto de um sonho para fora e fixo os bugalhos no mostrador do relógio, 8:20.
8:20!?!?
Os miúdos perderam o autocarro!
A escola começa daqui a 10 minutos!!
Hoje tenho que trabalhar fora da cidade!!!
lanches... lanches... lanches... lanches... vestir, vestir, vestir, vestir...
(o que se seguiu foi puro ilusionismo de coração a latejar entre as amígdalas)
Creio que pareci calma ao entrarmos pela porta da escola às 9h, e já mais assentada me senti quando consegui chegar a tempo ao trabalho ás 9:30 para seguir viagem dali a uma hora.
E no meio deste panorama todo, vejo a tua razão. Quando há séculos me dizias que viriam os dedos apontadores.
E que acima de todos esses dedos, veria o tal dedo a sobressair.
E vejo.
quinta-feira, novembro 02, 2006
Pintura
Abri um livro - The New Book of Knowledge, um daqueles que ainda pertencem à era pré-virtual -, à procura do Beijo. Sim, ainda o busco.
Infelizmente, o conhecimento sobre tal - o beijo - é algo que, ou não lhes interessa absolutamente, ou desconhecem a existência de tal. Ainda.
Mas felizmente, fiquei a conhecer este pintor.
Lembrei-me logo dos desenhos da Jessica - um dia destes mostro-os aqui.
Origens
Eu sei que tenho uma forte pancada por origens; desde a mais nobre à mais simples. Talvez porque seja algo que, à priori, é impossivel de termos absoluta certeza de.
A evolução dessas mesmas origens, e o conhecimento que parecemos ter a seu respeito, parece ser de muito mais fácil manejo do que o conhecimento do tal momento do parto. Nada possuimos senão uma sequência infinita de momentos causais.
Hoje virei-me para Ó pá!.
Quem teria dito isto pela primeira vez?
Devia andar tal pessoa com um galhardete na lapela: Inventorfónico, para que todos pudessemos prestar-lhe a devida homenagem. Pedir-lhe até um autógrafo na língua.
Inventor de uma das palavras mais usadas nos diálogos (e monólogos!*) portugueses.
* - Sei muito bem do que falo.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Split-second conversation
I don't want anybody to touch this!
... and that includes YOU: Miss Jessicanila! I know, I'm not dumb... No, you're not. Too smart, actually. Want to join my band? What's that? You don't know what a band is? Yes. It's a group of people that come together to make music, play and sing. So... I repeat: wanna join my band? What is it called? "Unknown". I don't know. What do you mean: You don't know whether or not you want to join, or you don't know the band?
... I want to join the band.
Espaço de tempo que mediou cada passagem de bola: nanosegundos.
sexta-feira, outubro 27, 2006
quinta-feira, outubro 26, 2006
Vamos pesquisar?
A origem do:
- Beijo.
Sim. Pode ser mesmo um desafio para quem o queira empreender, e assim que tivermos alguma massa com que trabalhar, lá a meteremos ao barulho.
Será um comportamento inato ou adquirido?
E sendo-o este último, quais as causas que nos levaram a agir desse modo?
Vamos lá arregaçar as mangas e, muito cuidadosamente, retirar a película que envolve os beijos que damos, para descobrirmos o porquê deles serem.
quarta-feira, outubro 25, 2006
Dualidades
Já o conheço há quase quarenta anos e desde sempre lhe vislumbro o balão de diálogo invadido por essa palavra, entremeada a cada dois segundos por outras tidas como normais. Foi vizinho(*) dos meus pais, o dum suposto rés-do-chão, é-o agora só da minha mãe. Destinos de quem parte cedo.
Aquele modo de a pronunciar, prolongando a segunda sílaba, ou melhor, o segundo 'á', embeleza-lhe a conversa, obriga-nos a um sorriso desenfreado mesmo que não se compreenda metade do que nos tenta dizer. Acho-o castiço, próprio do ser daquelas redondezas; tal como uma certa casta pertence a uma determinada região, assim se encaixa ele na palavra e por seu lado na terra, ou o contrário, isso é secundário. Só este detalhe já mostra o quão genuíno é o conjunto.
Na mesma onda, mas para contrariar a corrente--a minha corrente--tenho dado de cara com inúmeros indivíduos--curiosamente só me consigo lembrar que sejam do sexo feminino--que optaram por importar tal esquema lusófono nas suas conversações. O resultado é todavia sem piada, insosso, desprovido de carácter robusto, uma encosta para esquiar de inclinação 1%. Enfim, um dilúvio de pregos numa festa de balões.
Onde já se viu pensar que a anglofonia like algum dia superaria a lusa caralho que ainda hoje sai a rodos da boca do senhor Abílio.
Nunca!
* - Convém talvez mencionar que se trata de um homem nortenho. Do meu Norte.
sexta-feira, outubro 20, 2006
terça-feira, outubro 17, 2006
Trajectos
O ar que se respira, dentro
As caras que se cruzam, doentias
Mascam, mascam, mascam
os segundos à vida
Mascaram essa vida com sabores simulados
em laboratório de química
Exalam o fedor de dias vazios
cobertores de mofo agasalham-lhes
os Invernos sucessivos
São só Invernos.
segunda-feira, outubro 16, 2006
Frases
Há certas frases que me povoam o limiar do sono; aquela fina linha que só damos por atravessada quando já estamos no fim dela. Nunca sei o que significam e poucas vezes as registo. Desta vez fica aqui.
Ele alimentava um sonho: O de que possuía o segredo de viver.
Morreu esfomeado.
quarta-feira, outubro 11, 2006
terça-feira, outubro 10, 2006
quarta-feira, outubro 04, 2006
segunda-feira, outubro 02, 2006
Luz, que se faça
sexta-feira, setembro 29, 2006
...
E vêm estas criaturas ao mundo para padecerem e expiarem as culpas dos pais?
Fotos de James Nachtwey.
Obrigada D.
quinta-feira, setembro 28, 2006
Sinais dos Tempos
terça-feira, setembro 19, 2006
Retrato do dia
O sorriso não faz parte do teu vocabulário. Os pesos que carregas em cada ponta dos lábios proferem-te essa arrogância permanente no olhar. Quanto cansaço, quanta opressão...
Calca e recalca-te a emoção nesse coração onde o eco parece dizer preeeeenche-meeee.
O amor. Lembras-te ainda como se faz? Como se consegue ser TÃO feliz ao se esvaziar completamente nesse dar amor. Saberás isso?
Tem sido má a vida para contigo, ou terás sido tu má para com ela?
quarta-feira, setembro 13, 2006
...
Um Re: de referência vazia no e-mail que agora mesmo li, vindo de quem veio, era um mau prenúncio. Foi sim.
E estou aqui perante este ecrã sem saber o que dizer, o que te poderei vir a dizer, para te consolar nessa dor.
Qual consolo, qual merda! Não acredito que haja palavra alguma que te, vos, consiga apaziguar a alma. Não há! Rolam-se-me as lágrimas, mas de pouco servem, só mesmo para anestesiar temporariamente a dor.
Tanta luta em vão, criatura mais linda, e sempre - assim mo disseram porque nunca tivemos o tempo de nossa feição para que nos conhecessemos pessoalmente - sempre guerreira de sorriso iluminado e obstinação ferrenha de viver.
Pouco mais velha seria do que a Verónica.
E pouco sentido farei hoje nestas linhas.
Desculpa-me, Carlos por nem sequer estar presente. Só num abraço vos poderia mostrar o quanto eu daria para que estas recordações não fizessem parte do vosso baú.
Re:
"this world was never meant for someone as beautiful as you..."
A Regina partiu no passado dia 6 de Setembro.
Vasco
segunda-feira, setembro 11, 2006
Miúdos 2
Senti-lhe o transtorno no olhar, mesmo antes de o ver, no pulo que deu ao sair da cama e nos seus passos apressados pelo corredor. Foi atrás, não viu quem buscava, correu em direcção à cozinha, o ponto de encontro de quase todas as manhãs. Ali estacou, na soleira da porta que nunca ali existiu enquanto aqui vivemos, e, no segundo seguinte ao que me pareceu mais longo, sinto-lhes as mãos a apertarem forte o meu torso, a cabecita encostada às minhas costas.
Desligo a torneira, viro-me para ele e pergunto-lhe Tiveste um sonho mau, foi?... No, just a sad dream....
Tive dificuldade em me baixar tal era a sua relutância em me largar dos seus braços, e sentar-me no chão com ele ao meu colo.
Que foi que se passou no sonho, Daniel?, perguntei-lhe mais vezes do que as que queria, mas a resposta foi sempre a mesma: um silêncio assustado de quem com ele, o silêncio, deseja afastar certas lembranças.
Fiquei doente?, Morri?, Chorei? Ri?... abanou que não, nada disto acontecera.
Com a ajuda duma das minhas "escudeiras", vim a saber do caso.
Mas isso é lindo, Daniel! Não precisavas ter ficado tão triste. It's not, mã. It was sad. Because in the end - como num filme, o fim - you waved good-bye and swam away.
No filme dele eu tinha-me transformado numa sereia.
domingo, setembro 10, 2006
terça-feira, setembro 05, 2006
Miúdos
sexta-feira, setembro 01, 2006
Lentes XXVI
quarta-feira, agosto 30, 2006
terça-feira, agosto 29, 2006
Ilusão
Não resisti a publicar este comentário do Prefácio.
Só porque me tocou.
Os melros voam para longe.
Que, aqui, do mar só se sente a brisa logo pela manhãzinha que é quando as crianças ainda dormem no seu sono mais descansado.Um dia, talvez por avistar uma folha a virar no passeio julgam que vislumbram o vento. Talvez, por aí, um dia nasça o infinito.
segunda-feira, agosto 28, 2006
Pescas
É bem verdade que isto de se ter um contador que nos mostre - até certo ponto - a proveniência das pessoas que nos lêem, tanto nos traz algumas vantagens como é uma verdadeira fonte de júbilo.
Era para vos mostrar alguns snaps que tirei ao montante de gente que cá veio através da simples palavra "sexo" - sim, eu realmente fiz de propósito ao intitular desse modo aquele post -, mas hoje, ao ver uma certa entrada, desisti da ideia inicial, porque esta sim, ofereceu-me uns momentos de excepcional prazer.
Tenho adiado a partilha deste blog com amizades anglófonas por uma boa razão. Esta. A partir do dia em que me lessem aqui, é que me passavam definitivamente o atestado de "weirdness". :-)
Que não me leve a mal a pessoa que cá veio, gostaria que voltasse sempre; se bem que depois daquela leitura, duvido bastante que regresse. :-)
(O url na íntegra)
sexta-feira, agosto 25, 2006
De forquilha em descanso
Apetece-me dar um berro que atire com esta gente toda ao chão...! Ela olha a outra por cima dos óculos, esta tipa passou-se, enquanto lhe diz, vai lá para fora e berra. A outra abana a cabeça que não, Mas não é a mesma coisa, não entendes? Aqui dentro é que teria o efeito esperado. Não há compreensão nenhuma; duas escalas musicais em completo desalinho. A outra amua, desliza até ao fundo do balcão e enfia o nariz em cima da prateleira. A dos vinhos. Quando os olhos se encaixam no rótulo, Oh bendito enólogo!, onde quer que esteja, José Neiva, saiba que lhe estou grata pelas pedras do monte.
Lentes XXIV
Esta não devia ser publicada, eu sei. Eu sei que devia ter escrúpulos bloguísticos semelhantes, mas assim estava destinada; quando o vi ali erecto no meio do areal, não resisti, clic. Sendo assim, olha, vai de braço dado com esta, uma virada para norte e outra para sul, vão dando vivas ao facto de não terem existido sinais destes por altura dos descobrimentos.
Areia Branca, Junho 2006
Desilusão
Foi uma sensação muito semelhante àquela que se tem aquando ao primeiro encontro, aqueles segundos que se antecedem ao virar da esquina, a antecipação escala ao topo do esófago, é já ali, 'tou quase lá, só mais um segundo e... o banco vazio! Tudo esmorece. A paisagem fica baça e descolorida, murcham até os candeeiros de rua. No meu caso em particular ficou mesmo em branco. Por oito vezes consecutivas fiquei com a espinha atravessada na garganta.
Agora faço o quê, a uns cinco mil e tal quilómetros de distância? Onde vou arranjar aquelas dezasseis páginas que me faltam na 13ª edição do romance?
Ai Caminho que me deste descaminho a tal obra.
Apontamento futuro: Há que folhear ao comprar.
terça-feira, agosto 22, 2006
Lentes XXIII
Rabiscado a lápis - já a perder os contornos - num caderno de argolas, folhas que pendem por fiapos de papel :
Ao admirar esta vastidão de água, tenho a sensação de que a vida me passa ao lado. Imobilizada no tempo, deixo que a água grave em mim sensações que não pertencem a tempo algum.
Julho, 2004
Nota posterior:
Pôr do sol visto da falésia entre Areia Branca e Paimogo. Atlântico, portanto.
Dois tempos fundidos num só, daí a desordem das ideias. O escrito foi-o quando os olhos viam, não estas águas mas outras, no entanto eram para elas o pensamento.
segunda-feira, agosto 21, 2006
Lentes XXII
Nota posterior:
Óbidos. As letras entretecidas A e M, que por casualidade são as minhas duas primeiras iniciais - e certamente de mais de sessenta por cento da população portuguesa.
sábado, agosto 19, 2006
Lentes XXI
sexta-feira, agosto 18, 2006
Sexo
Desceu as escadas aos solavancos, tropeçou na soleira da porta, e só com 3 passadas mal dadas se conseguiu equilibrar de novo, levando consigo como despedida, dois ligeiros sorrisos dinamarqueses e, no topo das escadas, um eu erecto com estandarte nenhum. Julguei que seria essa a minha última imagem dele, levava fogo no rabo, só pararia em chegando a Marte, estava apostada nisso. Mas não. Voltaria a cruzar o olhar com a figura dele, só na figura e não no olhar. Coisas do acaso que a nós nunca nos pedem licença para acontecerem. Fiquei feliz por isso e por ver que depressa se restabeleceu da queda.
Outro continente, outra idade, mas, estou muito segura, um comportamento bastante idêntico ao de agora. O meu.
You're weird, disseram-mo há dias.
You're funny, disseram-me pelo episódio das escadas, what do you mean: funny-haha or funny-weird?, ...funny-weird!, e ondulou de novo na dança.
Dou, portanto aqui, a mão à palmatória. Afinal o mergulhador tinha razão!
E entre os vinte e dois anos que permeiam os dois weirds ditos, muitos houveram que o foram transmitidos por olhar somente. Cá chegaram, obrigada, com atestado genuíno.
Quando uma mulher não trás foda acrescida, quer nos intuitos, quer nas frases que antecedem os seus movimentos, corporais e ademais, é vista e tida - mas sem nunca o ter sido -como weird. Uma dúvida porém, paira empastosamente sobre mim. Será que isto sucede em todas as cabeças masculinas ou só nas anglófonas?
quinta-feira, agosto 17, 2006
Lentes XX
"... é como viver no meio de um lago sem nunca poder molhar os pés."
- Mécia de Sena
Não que o tenha sido. Não foi nem será nunca.
Nunca aí irei regressar porque nunca daí a minha alma saiu.
Lentes IXX
terça-feira, agosto 15, 2006
Nexo
Só me apercebi do que aquela voz apressada relatava nas notícias das 14h, quando a palavra-chave foi pronunciada: blackout. Tal é a pressa com que as coisas são descritas que só atingo a proporção da notícia com este pequeno truque de palavras.
E foi essa, blackout, que despertou em mim uma vaga de reconhecimentos.
O famoso apagão que por aqui deixou praticamente meio mundo ás apalpadelas já fez três anos no dia 14 de Agosto. Imagine-se tal.
Partia no dia seguinte para uns dias de 'repouso' à borda do Erie: dormir debaixo de árvores, ouvir os grilos a acordarem-me pela manhã, cumprimentar boa-noite a skunks floridos à saída da tenda, sentir rebentar a mais linda trovoada ao alcance de um polegar e extasiar-me com a chuva de estrelas cadentes.
Não teria interruptores para ligar.
Na altura não lhe vi a particularidade da ironia; hoje sim, após o pó assentar na conjuntura daquele tempo é que me apercebo do que aquele apagão iria simbolizar na minha vida. Os traços que se foram materializando aqui e ali - Esboços, o Azulejo, o primogénito Sem Título -, traços estes que se começaram a gerar por aquela altura. A bem dizer, de apagão pouco ou nada teve - ou tem -, porque os olhos, uma vez adaptados à escuridão, obtêm desse estado inicial e aparentemente caótico, uma visão do essencial bem mais detalhada. A preto e branco. Seja.
Nunca os céus estrelados puderam ser tão justamente apreciados por milhões de citadinos como nessa noite.
Nunca a minha vida teve um bréu tão estrelado como a partir dessa data.
If only, a alavanca do conhecimento fosse assim tão fácil de encadear.
Saídas pequenas
- Mããã... I'm hungry!!
- O jantar 'tá quase pronto...
- But I want to eat something right now!!
- How about eating your words?! - dito de sobrancelha esquerda elevada e um sorriso irónico nos lábios, - isto, tendo em mente que estava a tentar terminar de esfregar a cozinha, cozinhar, lavar a roupa, impedir que lhe assaltassem a cozinha, desinfestar o quarto-de-banho: tudo ao mesmo tempo.
- But then... I wouldn't be able to speak...
11 Agosto 2006
domingo, agosto 13, 2006
sexta-feira, agosto 11, 2006
Ainda a Regaleira
"Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada, nada que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor - e, lá no alto, está o castelo do santo Graal."
Richard Strauss
E o poço, esse, subi-o.
Reguemos a leira.
O passeio das rosas
terça-feira, agosto 08, 2006
quinta-feira, agosto 03, 2006
sexta-feira, julho 28, 2006
Poluição?!... Onde?
Nas praias, então não?!
Já deve cheirar mal haver tanta gente a falar deste assunto e pouco ou nenhum resultado positivo visível. Para me juntar ao tal rol de gente, lembrei-me de deixar aqui registado algo que vi praticamente todos os dias e me deixou abalada. Regressei logo mentalmente anos atrás, quando frequentei uma das escolas nesta área e fizemos um trabalho precisamente sobre a poluição no Rio Ave. Já se passaram 22 anos desde essa altura, e desde então foram construídas infraestruturas ao longo do curso do rio para que os resíduos fabris fossem para lá canalizados, indo, desse modo, reduzir em grande parte a poluição que se vê e se cheira.
Eles estão lá, os tais canos. Mas serão utilizados?
E quem fiscaliza se se usam ou não?
Só por curiosidade, lembro-me de passar sobre a ponte de Caniços e a cada dia que o fiz, a tonalidade do rio variar entre o castanho, o vermelho, o azul, o preto e sabe-se lá que mais variantes.
Querem saber então o que polui as praias?
Analisam os peixes mortos, não é isso?
E se subissem o curso do rio, não aprenderiam mais com isso?
Boa viagem.
S. Pedro de Bairro - 20 Julho 2006, 12:00
Que brotes o melhor que há em ti
A intenção era mesmo poder alegrar-te o dia com um som do tal grupo que tanto gostas; mas na impossibilidade de o encontrar, optei por estas flores que lá no alto no monte de N. Sra. da Assunção parecem querer soltar-se ao vento.
Mais um grande abraço daqui te envio, com muito carinho mesmo.
Parabéns, miúda! :-)
Santo Tirso - 4 Julho 2006
(acho que perdi o jeito de aparecer por aqui...)
Ainda me situo no túnel que separa duas enormes cavidades repletas de luz, sem saber para qual delas me dirigir.
O tempo voou sem ser necessariamente lesto. Soube-me a pouco, muito pouco.
Este local que vos mostro tocou-me bem cá dentro e serve muito bem como reabertura pós-férias.
Senti-me como uma Thelma ou Louise com asas delta, e ainda agora, ao fechar os olhos, é lá que me encontro onde o vento nos avisa e acautela.
:-)
Olá a todos.
Cabo Espichel - 29 Junho 2006
quarta-feira, junho 28, 2006
quinta-feira, junho 01, 2006
Da gaveta
A chuva realça o perfume das flores, assim como as lágrimas salienta o dos sentimentos.
Nada de mais.
Choveu.
sábado, maio 27, 2006
"Nada se perde, nada se cria...
... tudo se transforma" - Lavoisier ou Lucrécio. Um deles.
Ou então como se tem por hábito dizer, "One man's trash is another man's treasure".
É um ritual anual bastante aguardado pela população, a tão famosa garage-sale. De há uns tempos para cá, com outras variantes:
- yard-sale;
- sidewalk-sale;
- garbage-sale (...perdão, fugiu-me a consoante)
Assim que a neve acaba de desaparecer e os primeiros rebentos verdes despontam pela cidade, começa o frenesim de vasculhar a casa de cima a baixo, sem esquecer a casinha no quintal--shed?-- que é onde geralmente se acumula tudo o que já não cabe em mais lado nenhum, já não se usa, mas não se tem estômago para dar, e por estas razões, vende-se. Por uns míseros cêntimos.
Fora o lado negativo, o de criar dores de cabeça a quem se decide meter a esta tarefa, ao etiquetar todos os artigos a tão baixo preço, o de acordar bem cedinho para apanhar a minhoca mais gorda--e acordar outros que ainda dormem e costumam escrever num certo sítio chamado Inflexão--, tem, no entanto, a vantagem de que é em dias destes saldos que os vizinhos confraternizam por mais tempo dos que os habituais minúsculos minutos.
Os livros na foto abaixo?
Foi a minha contribuição para reduzir a poluição no planeta.
quinta-feira, maio 25, 2006
quarta-feira, maio 10, 2006
Um até já
Ando a precisar de um descanso destas lides.
É um afastamento, mas não permanente - tenho sobre mim uma sentença que não me deixa abandonar o barco.
Sinto que preciso recolher-me por um certo tempo. Um mês, dois minutos ou 3 vidas.
Para aqueles olhos recorrentes, deixo este pequeno recado com a vontade expressa de que o meu ânimo de cá voltar regresse rápido. Tornou-se para mim quase um imperativo vir aqui escrever e descrever-me através do que publico, mas vejo que está na hora de uma certa introspecção.
Não quero esquecer de vos fazer notar que aprecio a vossa persistência em cá voltar :-), sempre.
A gente vê-se por aí.
E provavelmente um ver de "ver" mesmo. Se por acaso se cruzarem com uma "galinhola" a comandar uma prole de miúdos abismados com o velho mundo, essa deverei ser eu.
Vou-me aos figos e às ameixas. Vou-me ao recordar caminhos de terra batidos pelo sol e muros de pedra a ladeá-los.
Até um dia destes.
domingo, maio 07, 2006
5:30
terça-feira, maio 02, 2006
Lentes XVI
quinta-feira, abril 27, 2006
Lentes XV
terça-feira, abril 25, 2006
(in)adaptações ao meio
Voltou a acontecer. Página 3 do diário que leio esta manhã.
Mais uma dessas facadas vindas do absurdo e que aterram no lugar menos esperado. Desta vez foi numa localidade na província de Alberta - Medicine Hat -, local tranquilo, como já vem sendo habitual quando a morte assim (n)os toca. O foco, de igual modo inesperado; uma jovem família brutalmente assassinada, pais e filho de 8. Motivo desconhecido.
Segundo o jornal, os autores do crime foram presos "sem algum incidente": uma jovem de 12 anos e um de 23.
O que me choca, para além das condições do sucedido, é ver o prazer, quase mórbido, dos media em tentar arranjar sempre um scape·goat para este tipo de acontecimento.
Já o foram os "pretos", em inúmeras ocasiões. Cada vez menos ultimamente porque à xenofobia, convem-lhe encontrar matéria nova onde vomitar e consequentemente se alimentar; desviar o seu centro de atenções para que continue a ter seguidores, como agora e em particular neste caso: os góticos, os que têm blogs depressivos, os que gostam de ouvir música death metal, hardcore e punk.
Eu insero-me em quase todas as categorias acima descritas. Isso faz de mim uma assassina em potência? Não. E por esse desenrolar de pensamento, fará com que eu seja um modelo "exemplar" nesta sociedade em que vivo? Também não.
Porque eu sei que eu também posso vir a matar. Porque sou um animal predador.
Longe vão os tempos das cavernas. Já não necessitamos de lutar, nem de matar para sobreviver ou nos protegermos - e talvez seja este o cerne da questão -, mas a informação continua marcada em nós. esquecemo-nos disso de uma forma permanente. Encontro que esta passividade dos tempos que correm, é que vem dar à luz a estas deviações que acontecem e que parecem vir do nada. São explicáveis, sim. Só que a verdadeira razão de existirem é que não convém que saia à luz do dia e ao conhecimento em geral.
Fonte - The Ottawa Citizen
Adenda: Soube-se no dia seguinte que a jovem, após tal acto, ficou orfã de pai e mãe.