A voz. Sempre aquela voz inconfundível e o burburinho ao meu redor que me impede de a ouvir. O burburinho e os impropérios habituais carinhosos do usual minha em vez dum insensível sua que nunca o será. Porque frio e distante - o pronome. A miudagem corre e percorre uma casa que desconheço. Uma casa com paredes mornas de madeira.
E a pergunta! Falta-me descodificar a pergunta sobre o texto - mas que texto?
Vai-se a voz, não se ouve aquele tom contínuo costumeiro do final e, eis que entra nova chamada. De novo mas desta feita sem a voz. Só o tilintar das teclas de uma velha máquina de escrever. Tamborilar incessante, gaiatos que escalam paredes e procuram elevar sons, um redemoinho de melodias que me obrigam a procurar uma parte sossegada naquele recanto que me faz sentir em casa mas que o não é.
Queres ouvir o que me rodeia, o meu dia-a-dia.
Desfaz-se esta imagem, aparece uma outra ainda mais intrigante. Cheias num rio de que não me recordo ou não desejo pronunciar o nome; pessoas que o atravessam quase a nado, de regresso ao lar após o labor, e eu de carro salto com este, de um lanço, sem medir o medo estampado no meu rosto, uma parte que me afundaria, apoiando-me, ao de leve, num pedaço de madeira que flutua perdida, e me deixa aterrar em margem segura.
4 comentários:
Mergulhar nos sonhos alheios é o que faço, caindo de carro ao som da música indicada. Beijo grande.
A melodia e o pedaço de madeira a flutuar foi o que melhor retive do teu sonho. Oxalá, nunca te faltem. Beijo grande, Riacho.
Saberei um dia no futuro reparar na significação - se alguma haverá - destas linhas?
Beijo a vós dois, com carinho.
Talvez um dia as lembres e te sirvam na arte de calafate, sim. Tu que és elefante. :) Outro
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