“Fica”, pedes-me, com esse sorriso descaradamente provocado. “Fica!”, insistes.
Os teus dedos passeiam, preguiçosos, no meu peito, entre um e o outro mamilo, insinuando uma curva mais pronunciada nessa onda corporal onde te deixas elevar.
Ergues os olhos, desafiante, de encontro aos meus.
Aguardas uma palmada minha nessa mão travessa, mas só porque vejo esse desejo estampado a ferro e fogo nos teus olhos, não a levas.
Rio uma gargalhada inesperada com o teu amuo.
Sinto um prazer terrível em te contrariar. É esta a constante mais vincada entre nós: esta ambivalência que rege o que sinto por ti — não só te prezo como a mais ninguém; não só te amo, de facto, como a mais ninguém; como ao mesmo tempo me apetece castigar-te.
És, ao mesmo tempo, o antídoto e o veneno que me administras.
E é com esta legitimidade que te castigo.
Levanto-me para sair. Regozijo-me na dor do teu olhar. Beijando, de seguida, cada pálpebra antes de partir.
Contudo — e isto nunca to darei a entender —, não saberei o que irei sentir se, amanhã, me pedires “Vai…” em vez de “Fica.”
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