Enfiei-lhe uma cana de fora-a-fora, na diagonal, deixando cerca de 20 cms de cada lado para que pudesse aterrar.
Coloquei os seus poucos apetrechos alimentícios pendurados do lado de fora.
Adornei o exterior com mais uns galhos roubados à natureza e de seguida, meti-lhe as mãos em cima.
Após umas pouquíssimas tentativas, lá consegui resgatá-lo daquele refúgio feito lar imposto e dar-lhe um pouco mais de espaço para os seus movimentos.
Estou a falar do nosso canário.
Está connosco há cerca de 3 semanas apenas. Um pássaro tornado oferta que fizeram aos miúdos (sim... porque não sou eu que lhes iria comprar um; dar de mão beijada uma nota de $100!... não sou apologista de se comprar vidas).
Só não o devolvo à natureza porque isso seria o mesmo que lhe passar a certidão de óbito.
Escusado será mencionar o grau de alegria dos petizes!
(versus a completa estupefacção do passarinho)
Por pouco não os via a eles próprios voarem ao redor da ave, tal era a euforia.
Mas o meu sujeito deste texto não são eles, mas sim o canário.
Pasmei assombrada com a reacção dele àquela abertura inesperada de liberdade.
Julquei eu que o pequeno ser, assim que se sentisse fora de grades, se poria em fuga e voasse, voasse até cansar.
Qual quê!
Quase nem sabia fazer uso das asas.
A liberdade ao seu dispôr e não foi capaz de se afastar daquele espaço onde tinha a certeza de ter o seu sustento.
Vou-me manter atenta ao desenvolvimento dele perante esta sua nova realidade e registar mentalmente o progresso (se o houver).
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Se por acaso denotaram alguma vaga conotação metafórica naquilo que acabei de escrever, podem estar certos de que foi exactamente esse o meu intuito.
Quanto ao canário mesmo... passo, já agora, a apresentá-lo. Chama-se Yolk, esta miniatura de soprano encantador.
(porque será que os garotos insistem em dar nomes a tudo quanto vêem? ... imaginem que, enquanto estivemos ausentes, nos "enfiaram" 20 peixitos num pond (laguito...?) que fizemos no jardim; e não é que os marotecos inventaram nomes para cada um deles?!)
(era para ser um pequeno video-clip mas a página está em obras)
3 comentários:
É que se começa cedo a precisar chamar as coisas pelos seus nomes, até mesmo para nos ajudar a melhor pensar e expressar. Isto vai completamente contra, àquela tua impressão de que palavras há (neste caso, não há) que ainda não foram inventadas para verbalizar certas ideias ou sentimentos. A mim, parece-me modéstia tua. Desenrascas-te bem com as palavras... quer escritas, quer interpretadas. Beijinho.
Pois... bem... sei que parece contraditório :-)
Esta necessidade vejo-a mais nos petizes.
A respeito do outro texto e da não existência de certos vocábulos... refiro-me a sentimentos :-)
(sabes que agora, mais que nunca, sinto enorme dificuldade arranjar as palavras adequadas em português e isso doi mesmo :-( ... ando sempre com o calhamaço - como dizia 'alguém'- atrás de mim)
Tanta liberdade sem a saber usar... :-)
Quanto aos nomes és capaz de guardar um segredo ?
Eu ainda hoje dou nomes a todos os bichos que páram lá por casa :-)
Beijo
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