quarta-feira, agosto 11, 2004

As minhas escaladas

Estas semanas que estive ausente do meio ambiente em que estou de momento inserida, fizeram-me regressar ao passado (e de certo modo foi o passado que, por sua vez, me fez agir de modo a escolher visitar o lugar onde fui).

Viajando mentalmente no tempo, recordo-me daquela época em que por tanta e tanta vez nos confrontavam com esta derradeira pergunta:
- O que queres ser quando fores grande?
(sorrio neste preciso momento, ternamente, perante tal pensamento)

Por incrível que possa parecer, nunca aspirei a cargo algum de importante... nunca tive um sonho supremo que quisesse atingir, daqueles que mudam com cada oscilação da juventude... nada, nada de imponente a querer.

A não ser... uma certa fantasia que de tão pequenina em grandiosidade acabei por deixar estendida no percurso dos meus dias.
- Viver num barco!

Num daqueles barcos de madeira gasta, esbatida pelo sal, pelo tempo e pelo vento... daqueles barcos que no seu silêncio cantam as mais incríveis aventuras imaginadas...
Sendo eu de natureza contemplativa (se bem que ao mesmo tempo inquisitiva), tal seria o cenário ideal para me satisfazer.

Os anos voaram ao meu redor.
Tal turbilhão em que fui apanhada.

Sento-me, desafiante, nestes trinta e sete anos e apercebo-me que practicamente tudo o que me aconteceu; os passos mais importantes que dei; as viagens que fiz; foi como que de certo modo me tivessem levado a isso de olhos vendados, como quem joga à cabra-cega.
Muitos dos passos que dei, cheguei mesmo a fazê-lo, não por mim, mas por quem me era chegado.

Isto não é de modo algum um queixume.
Se for a pesar na balança de valores internos, eu não estou descontente com a linha que percorri, só que não foi directamente a minha escolha.

Agora, EU traço as linhas.

Visitar a Rota dos Farois foi um pequeno passo, no meio de muitos outros que pretendo (e estou) a fazer.

Ah... e o tal barco!
Voltou a 'habitar' cá dentro.

3 comentários:

inconformada disse...

Ah ! Perdi-me nesta rota :-) Os faróis são tão mágicos, tão cheios de mistérios, enquanto tomam conta do mar...
"By the way": eu quis ser pirata :-) Beijo

riacho disse...

É de perder mesmo! :-)
Eu tenho assim uma paixão bruta por farois e moinhos de vento virados ao mar.
Ah! Os piratas... :-)))
Que pena eu tenho de não viver no século XV (ou algo mais perto dessa época).

Anónimo disse...

da Mamãããã!!! em http://mfcf.blogs.sapo.pt:
Que espectacular sonho, viver num barco! Aquele tua frase de que "Muitos dos passos que dei, cheguei mesmo a fazê-lo, não por mim, mas por quem me era chegado." tocou-me muito fundo...ás vezes sinto-me presa nas malhas da vida e nem sempre isso é saboroso...para quem tem ainda grandes asas para voar...