domingo, março 14, 2004

Soltos no espaço

Tremia sem parar... mas não de frio.
Mergulhei nas fibras sintéticas do edredão, mas o tremor continuava, cada vez mais descompassado e rápido.
Enrosquei-me então nos meus braços, dei-lhes voltas sem fim - nunca eles me pareceram tão alongados - ... imaginando aquele nosso abraço terno, pele que se acaba fundindo na pele do outro ("... waiting for a sign..."), aquele toque que me desfalece, que me arrepia o pescoço daquela maneira que me é impossível de descrever.

Com os ecos ainda vibrantes do arco ("... in my heart I reach you...")... consegui materializar os teus nos meus braços... ("... the hope lives on beneath the blazing sun...") senti um sopro morno envolver-me, que se aquecia cada vez mais a cada segundo que girava e ... ... ...

Não presenciei o culminar do nosso abraço. ("... in my dreams somehow...")

Encolhida assim no meu casulo, embalada por ti, adormeci finalmente.

Acordei no dia seguinte com um doce odor que me envolvia.
("... one day you'll come.")


(foto cedida por www.digitalblasphemy.com

Sem comentários: