Eu tenho momentos de felicidade com pequenas coisas; aragens simples que me roçam o rosto e me fazem esboçar sorrisos que se ecoam até ao fundo de mim.
Eu meço a minha felicidade com os impensáveis.
(como este... de uma lucidez silenciosa)
sexta-feira, novembro 26, 2004
Cabeçadas - III
quarta-feira, novembro 24, 2004
Ora porra!
E não é que o autocarro não esperou mesmo por mim?!
Sinceramente.
O de hoje foi mesmo um dia 'não'.
Um daqueles que só mesmo para... escrever e não esquecer.
Ele já não tinha começado nada bem.
Começado?... começado, não, que isto tem sido é uma sucessão desajeitada de dias ao longo destes anos todos... como é que vai agora "começar"?
Noite em branco. Branquíssima. Com uns sarapintados de preto. O das letras.
Terminar um trabalho e nem lhe gostar do cheiro, é lixado.
Ainda por cima sem ter visão para descobrir erros (quanto mais virtudes).
Dormir.
Uma, duas horas.
Toca a preparar os leites e lanches e isso.
Dormir (de novo).
Toca a acordar. Fazer o almoço.
Dormir (é que eu durmo melhor é de dia mesmo).
Toca a acordar. Fazer o jantar.
Fazê-lo à pressa e nem sequer ter tempo de comer.
Toca a sair de casa.
Há que bater na impressora e ter o trabalho aprumadinho.
Corre, corre...
Ahh!
Agora durante três horitas, alapa-se o traseiro e ouve-se a mulher falar acerca dos finados.
(mas que sossego)
Ok. Terminou mais cedo. Enquanto faço horas para o autocarro, vou ali dar um giro.
Giro dado, 'tá na hora.
"Ó carago! E passes?... já não tenho mais passes?... %m$e#r@d#a!..e moedas... pff... falta-me $1 pr'ó bilhete... fogo.... não 'tou a gostar nada disto"
Corre, corre...
(Vai lá abaixo, compra passes...)
"... merda, 'tá fechado"
"Eilá... que é aquilo ali: change machine... olha que sorte. Nunca a tinha visto!"
Lá lhe enfio uma nota de $5 (não, o autocarro não aceita notas, ou melhor, aceita, mas não dá troco) e espero pelas moedinhas sairem de algum buraco.
Qual quê!
Desata a sair é um cartão. Telefonemas no valor de $5!
(eu já fumego)
"'Tá visto. O 129, já não o apanho, e é o último... vou no 2. É mais à volta mas é a única maneira..."
Toca a andar e andar.
Ainda bem que gosto de chuva.
E é mesmo daquela que eu gosto.
Que estranho.
Nunca me lembro de a ter visto cair, aqui, no mês de Novembro.
Que consolo nas bentas.
Nem o capuz pus (ahah.. uz-uz) e nem que o pusesse ela molhava-me na mesma. Entra de lado e molha tudo.
Deixa-me cá parar aqui, ver se me trocam uma nota ou se me obrigam a comprar algo...
Na maior.
Já vou eu pela rua acima, já vou no 2.
Mas... pera lá, deixa complicar mais as coisas. A Ana mora no trajecto... deixa lá parar por uns minutos.
Já que está tudo ao revês, que continue.
É só novidades!
Nunca tinha visto uma 'maçã' branca! Olha que gira, toda compacta.
"Foi só por isso que ele o comprou: fica bem em cima de qualquer móvel e nemprecisa ter internet, é só para ouvir música."
Encheu-me a pança: sopa, vinho, fruta e até um chá de cidreira para dormir bem.
(eheh... que engraçada)
Eu pareço uma mendiga.(aliás... sinto-me mesmo uma)
E até me trouxe a casa!
Poça! Isto só mesmo em dias "não".
12:30
Abro a porta.
Com dois passos dentro de casa já se ouve a festa "mã... mãã... I missed you".
Cá vêm os rapazotes.
Lá faço o ritual do costume, caio de quatro, deixo que me lambuzem a cara de beijos e só me falta abanar a cauda.
"... mas como é? Vocês ainda estão acordados?"
(isto é uma casa de doidos)
"shhh... não façam barulho que as manas acordam."
Descalço-me e enfio-me na cama com eles para ver se a festa não se prolonga.
Meia hora depois:
"mã... I'm hungry."
(toingg)
"Vá... venham daí. Vou-vos aquecer leite."
_______
(acho que vou montar cama na cozinha e passar a dormir lá)
(ahh... e não era nem de laranja nem ananás... era de pêssego, compal!)
(nota-se que o chá fez mesmo efeito)
domingo, novembro 21, 2004
Cabeçadas - II
A excitação que sentimos ao nos sabermos lidos, isso sim, é que serve de bálsamo ás (minhas) nossas chagas.
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Depois de ter lido os dois primeiros comentários, reparei que cometi uma grave falta, a que de imediato corrigi e coloquei entre parênteses.
E perante essas opiniões que tive, lembrei-me de colocar aqui a questão:
- O que é que, na escrita, vos proporciona mais prazer?
Não se trata de uma competição :-)
digamos antes, uma mesa redonda onde colocamos as diversas ideias acerca deste assunto.
Claro que todos são bem-vindos à mesa.
sexta-feira, novembro 19, 2004
quinta-feira, novembro 18, 2004
Cabeçadas - I
Foi um dia a sensação de poder alcançar o todo através do teu nada.
E hoje,
eu sou esse nada.
terça-feira, novembro 16, 2004
Será exemplar único?
Dicionário da Língua Portuguesa
2003
Porto Editora
Acabadinho de chegar. Lanço-lhe as maos ao pescoço e desato a passear-lhe as palavras.
Gostaria que me corrigissem, por favor (quem queira e tenha pachorra).
Será que só este exemplar que aqui tenho do dito dicionário (sublinho: da Língua Portuguesa), tem vocábulos ingleses?
Tipo:
- behaviourism (pg. 221)
- bypass (pg. 266)
(entre muitas outras)
Não tenho nada, mesmo nada, contra a evolução de uma língua. Afinal, a mudança é permanente e requer que a língua acompanhe esse progresso.
Agora, o que discordo completamente é do facto de colocarem a palavra no original sem ligar sequer à fonética (acho que é este o bom termo...).
Quando muito que pusessem: baipasse!
E depois dos estrondos do dia
9 e tal da noite.
Vejo o Daniel concentrado como nunca. Vislumbro-lhe já o perfil de homem sério. De lápis em punho, lentamente a escrever o nome dele... uma, duas, muitas vezes.
Ao meu lado, está o David, sentado a beber o leite às goladas enquanto que pausa entre cada uma delas para as contar... one, two, three... chegou a nineteen, disse que já não queria mais.
(Foram goladas grandes!)
A Veronica e a Jessica, revezam-se a ler uns livros que trouxeram da escola. Pautadas.
Diria mesmo, melodiosas.
A felicidade bebida em quatro gotas de água.
sexta-feira, novembro 12, 2004
Postita rápida
Só para me activar de novo a "voz"... nem que seja por um ou dois dias.
Já agora, deixo-vos com este presente todo catita que achei por aí fora.
Não é que vá ficar por muito tempo; primeiro porque não tenho muito jeito para embelezar com trecos destes e segundo porque a duração que isto tem sob a forma gratuitu, não é eterna ;-)
... é aquela coisa ali embaixo... no lado direito do ecrãn.
Saudades, muitas.
sábado, novembro 06, 2004
Interregno
F
...E
.......C
..........H
.............A
................D
...................O
... por algumas semanas.
As cinzentas já começam a ficar negras.
As sinapses estão deveras sobrecarregadas.
... 'n' de tempestades na costa.
Vou fechar as janelas.
Até lá:
Um beijo a todos e a cada um de vocês em especial.
Ponto final (temporário).
quarta-feira, novembro 03, 2004
A velha mas sempre presente: CENSURA
Não é meu costume publicar aqui e-mails que me são reenviados, mas muito sinceramente, este que se segue, levou-me aos arames (tendo em conta que o tomo como legítimo e verídico).
A ler (quem ainda não conhece):
Exmo. Sr. ou Sr.ª:
Vem isto a propósito do caso Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.
Nasci e tenho vivido num pequeno concelho (Pombal) do Litoral-Centro (Distrito de Leiria). Não milito em nenhum grupo partidário. Sou um simples cidadão nascido seis anos antes do 25 de Abril de 1974.
E como cidadão, ingénuo a pensar que haveria liberdade de expressão e de opinião, criei em Julho passado um "blog" na Internet que pretendia ser um espaço de reflexão e de debate de ideias, com críticas construtivas, sobre o que está a acontecer na minha Terra. Nomeadamente sobre a actividade da respectiva Câmara Municipal e outras instituições. Esse "blog" num espaço de dois meses registou mais de 6.700 visitas, tendo sido comentado em grande número por outros cidadãos/munícipes.
A respectiva autarquia, presidida pelo social-democrata Eng. Narciso Mota, nunca usou o princípio do contraditório. Apesar de reconhecer que alguns dos temas abordados tinham a sua veracidade, alterou alguns procedimentos, dando razão ao que por lá se escrevia.
Reconhecendo que o "blog" era incómodo para o Poder (leia-se, Câmara Municipal), o senhor presidente entendeu que a melhor forma de usar o "contraditório" era acabar com o mesmo. Vai daí, entrou em contacto com a direcção/administração da empresa onde eu trabalhava e denunciou a sua existência, fazendo ver que o "blog" era "gerido" em horas de expediente. A direcção da empresa de imediato, e justificando que aquela situação lesava a relação institucional com a Câmara Municipal, até porque necessitava desta para legalizar algumas situações pendentes, despediu-me. Isto, não argumentando com falta de profissionalismo ou de produtividade. Mas sim, porque o senhor presidente da Câmara assim os contactou para o efeito.
Esclareci a situação e comprometi-me a eliminar de imediato o "blog", o que foi feito e aceite. Precisamente um mês depois, e pelo meio alguns encontros realizados entre o presidente da Câmara e a direcção/administração da empresa, fui novamente confrontado com o despedimento. E perante duas opções:
instauração de processo disciplinar ou demissão voluntária, optei pela segunda.
Ou seja, a intervenção do senhor presidente da Câmara Municipal de Pombal neste processo é um facto. Tanto o é que um dos seus vereadores afirmou perante algumas pessoas "já acabámos com o blog".
Esta situação é notoriamente idêntica à que aconteceu com o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. Na sua proporção, obviamente. Mas, com um senão. o meu futuro. Estou desempregado, com duas crianças de 20 meses para criar, casa e carro para pagar. E esposa também desempregada.
E tanto mais que, ainda há dias, ouvi da boca de um eventual empregador:
"reconheço que és a pessoa indicada para o meu projecto, mas quando o senhor presidente da Câmara soubesse, caía o Carmo e a Trindade. E eu não quero ter problemas com esse senhor".
É triste que 30 anos depois de uma revolução, ainda haja quem de uma forma nojenta e vergonhosa, censure as vozes discordantes para que estas não expressem livremente as suas opiniões.
Com os melhores cumprimentos
Atentamente
Orlando Manuel S. Cardoso
Rua Paul Harris, nº 13 - 1º Esq
3100-502 Pombal
Telef.: 236213594 - 936354363
E-mail:
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Sem comentários mas com firme propósito de acção.
Non Sequiturs com fartura
"Things that happen by chance
are events in search of causes."
K.C. Cole, The Universe and the Teacup, 1998
Ali pelos meus 12 anos, comecei a coleccionar reflexões; pensamentos que via escritos em qualquer publicação que me passava pelos olhos.
Tornou-se num verdadeiro culto.
Havia uma altura em que sabia de cor a maior parte das que lá tinha escrito, tal era a assiduidade com que folheava aquele caderno de argolas, revestido por mim com uma capa fina de cortiça ( para resistir às intempéries ) .
Agora com o Citador sempre a actualizar e outras tantas páginas que por aqui existem com tal conteúdo, o tal caderno virou receptáculo de poeira.
Tive uma certa nostalgia, quando me deparei com aquele pensamento de Cole num livro que ando a ler, de modo que, após uns espirros, lá encontrei umas linhas ainda livres e toca a encafuá-lo lá.
E agora em jeito de non sequitur... (que é mesmo nisto que me sinto bem)... enquanto que não descubro a causalidade de certos eventos que se vão dando na minha vida, continuo a jogar ao pião com bolas de sabão.
( devo ter algum fetiche recalcado com o pião!... já aquando de Plutão, foi com ele que brinquei!... hmm... faz-me pensar)