Já o conheço há quase quarenta anos e desde sempre lhe vislumbro o balão de diálogo invadido por essa palavra, entremeada a cada dois segundos por outras tidas como normais. Foi vizinho(*) dos meus pais, o dum suposto rés-do-chão, é-o agora só da minha mãe. Destinos de quem parte cedo.
Aquele modo de a pronunciar, prolongando a segunda sílaba, ou melhor, o segundo 'á', embeleza-lhe a conversa, obriga-nos a um sorriso desenfreado mesmo que não se compreenda metade do que nos tenta dizer. Acho-o castiço, próprio do ser daquelas redondezas; tal como uma certa casta pertence a uma determinada região, assim se encaixa ele na palavra e por seu lado na terra, ou o contrário, isso é secundário. Só este detalhe já mostra o quão genuíno é o conjunto.
Na mesma onda, mas para contrariar a corrente--a minha corrente--tenho dado de cara com inúmeros indivíduos--curiosamente só me consigo lembrar que sejam do sexo feminino--que optaram por importar tal esquema lusófono nas suas conversações. O resultado é todavia sem piada, insosso, desprovido de carácter robusto, uma encosta para esquiar de inclinação 1%. Enfim, um dilúvio de pregos numa festa de balões.
Onde já se viu pensar que a anglofonia like algum dia superaria a lusa caralho que ainda hoje sai a rodos da boca do senhor Abílio.
Nunca!
* - Convém talvez mencionar que se trata de um homem nortenho. Do meu Norte.