terça-feira, maio 03, 2005

Miradouro a roçar a saudade



É procurar uma vida inteira por aquele embrulho onde o ser e estar contíguo, mútuo, se interligam, se equilibram, nos bons e maus momentos. Uma corrente dentada onde o encaixe de um é o receber do outro e vice-versa, sucessivamente.

É o chegar a pontos de visualizar que se encontrou essa engrenagem. Ali, mesmo em frente. Inconfundível.
Saboreia-se esta pequena vitória furtada ao acaso, com um esgar de dor cruzado com um sorriso bálsamo. Sente-se a frescura das nuvens que nos roça a face.

É um atirar de areia aos olhos, que nos confunde os sentidos. O pedestal-que nunca existiu-desaparece, para me ver de novo na estaca zero. Só que desta vez o zero está mais fundo. Muito mais fundo. E o chão que piso é mais movediço que nunca.

Não durou mais que uns segundos ou anos. O tempo dispensado é irrelevante.
Na memória ficou para sempre marcada essa dentada.

É fodida, a procura.
Mas mais fodido ainda é já não haver mais alento para procurar.

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