É procurar uma vida inteira por aquele embrulho onde o ser e estar contíguo, mútuo, se interligam, se equilibram, nos bons e maus momentos. Uma corrente dentada onde o encaixe de um é o receber do outro e vice-versa, sucessivamente.
É o chegar a pontos de visualizar que se encontrou essa engrenagem. Ali, mesmo em frente. Inconfundível.
Saboreia-se esta pequena vitória furtada ao acaso, com um esgar de dor cruzado com um sorriso bálsamo. Sente-se a frescura das nuvens que nos roça a face.
É um atirar de areia aos olhos, que nos confunde os sentidos. O pedestal-que nunca existiu-desaparece, para me ver de novo na estaca zero. Só que desta vez o zero está mais fundo. Muito mais fundo. E o chão que piso é mais movediço que nunca.
Não durou mais que uns segundos ou anos. O tempo dispensado é irrelevante.
Na memória ficou para sempre marcada essa dentada.
É fodida, a procura.
Mas mais fodido ainda é já não haver mais alento para procurar.
terça-feira, maio 03, 2005
Miradouro a roçar a saudade
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