Tinha acabado de meter a mercearia no carro, quando sou abordada por uma senhora de aspecto frágil, longos cabelos brancos atados num rabo de cavalo.
Proferiu certas palavras, as quais tive dificuldade em entender, de modo que lhe pedi que as repetisse por favor.
É algo que se vê cada vez mais nas ruas desta cidade.
Posso afirmar até que, na altura em que eu aqui cheguei, nunca se via um pedinte sequer!
Nunca tenho por hábito de lhes fazer a vontade (acontece mais quando estamos parados num sinal vermelho, numa determinada encruzilhada perto de um lar onde eles vivem), mas mediante tal criatura tão franzeninha, compadeci-me e, mesmo sabendo que não deveria ter dinheiro na carteira, olhei para me certificar.
Perante uma carteira vazia, lembrei-me então das compras... meti a mão na caixa das tangerinas e estendi-lhe umas quantas, de sorriso largo na boca.
Qual não foi o meu espanto perante a resposta dela, enquanto torcia e retorcia os lábios:
- I wish I could... but... I'm allergic to them!
Fiquei sem palavras!
O meu sorriso virou puro espanto.
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Obs: A razão pela qual não costumo dar dinheiro, deve-se ao facto deles receberem da segurança social, todos os meses, um cheque com um montante que faria erguer as sobrancelhas a muita gente noutros países; para além de que lhes é fornecido mantimentos, assim como um local para viverem.
Não seria melhor dar-lhes a possibilidade, por exemplo, de terem actividades onde se pudessem entreter em vez de lhes darem assim tanto dinheiro que esbanjam num abrir e fechar de olhos?
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