segunda-feira, novembro 12, 2007





O Daniel desapareceu de casa e esteve ausente durante umas duas horas.
Tinha aparecido cá em casa um dos amigos dele da escola. Um tal de Anthony, pela primeira vez. Esperou uns minutos lá fora enquanto o Daniel terminava os deveres, e ,logo a seguir, deixei-os a brincar no jardim aqui à frente de casa, juntamente com o David e um outro amigo costumeiro. Quando mais tarde me dei conta de que o Daniel já não se encontrava com o irmão, e depois de ter questionado este se sabia para onde ele tinha ido, comecei a ficar preocupada. Achei estranho ele ter saído sem me ter dito onde ía - nunca o fez até agora.
Após esperar alguns minutos, decidi investir numa procura.
Reparei que ele levou a bicicleta para poder acompanhar o Anthony.
Só podia estar num dos parques que ficam ao redor. Assim fiz. Corri-os todos umas três vezes cada um. Nada do moço. Com a preocupação e a irritação a escalarem vertiginosamente, investi numa visita a casa do amigo. Às apalpadelas lá dei com a casa e com uma outra mãe completamente no escuro, mas esta sem muita ou nenhuma da preocupação que eu levava; o que me deixou ainda mais a ferver.
Com a noite a aproximar-se e a fumegar pelos olhos, num rompante desisti do carro, peguei na bicicleta e enveredei pelo caminho que costuma ser atracção fácil aos gaiatos. Nem a meio dele ía, quando me deparo com os dois "rufias" pela frente a pedalarem muito contentes de encontro a mim.
(Não sei ao certo se me apetecia esbofeteá-lo se abraçá-lo ao ver as suas faces rosadas...)
Enviei então o Anthony para casa e convidei-o a nunca mais me bater à porta, (... talvez... talvez tenha sido bastante dura com ele... talvez) e quanto ao Daniel, pedalava vigorosamente à minha frente, de sobrolho carregado sem perceber muito bem a razão da minha fúria.
Depois de acalmados os ânimos - meus e dele - conversamos sobre o sucedido.

E agora eu mastigo situações:

Durante duas horas há miúdos que vagueiam pelas ruas da cidade, sem a presença de algum adulto, e não há "lei" alguma que proíba os pais de os deixarem andar à solta. Com oito anos já podem ir para o autocarro, parque ou casa de amigos, sózinhos. No entanto, se os pais deixarem estes mesmos catraios de oito anos em casa sózinhos, pelo mesmo período de tempo, são passíveis de graves transtornos e repreensões por parte de organizações que se dizem pela segurança das crianças.

Ultrapassa-me. Tudo isto é-me perfeitamente descabido.



6 comentários:

MCV disse...

A insistência que eu próprio tenho em ser racional parece-me inútil e desgastante. Não há nada de racional neste mundo.
Refiro-me, é claro, ao teus dois últimos parágrafos.
Beijo

riacho disse...

É assim.

Que se há-se fazer... voltar a pegar na clava?
Se calhar...

Beijo Manuel.

MCV disse...

A clava...
Eu sou mais da maça d'armas - aquela de bola com bicos a que também chamam mangual.
Dessa e da alabarda.
Será caso disso? Não sei. Mas sei que é essa sempre a última lógica.
Beijo, Riachito.

Bic Laranja disse...

Ena! Que coisa de Idade Média que para aqui vai.
(As horas que eu passei na galderice...)
Cumpts.

Bic Laranja disse...

Mas que o Mundo anda cada vez mais medieval, isso parece verdade.
:)
Cumpts.

riacho disse...

Só lhe falta - ao mundo - o que de melhor tinha a Idade Média: a defesa da honra e fortes princípios morais.

(Eu sou boa é na fisga; com essa maça sou capaz de estragos desnecessários)

:-)

(Com que então na galderice, hein...)

Abraço Bic e "MCV".