Abocanhado o queijo, passa-se ao fresco. Ou será fresco?
Porto, Julho 2006
quarta-feira, agosto 30, 2006
terça-feira, agosto 29, 2006
Ilusão
Não resisti a publicar este comentário do Prefácio.
Só porque me tocou.
Os melros voam para longe.
Que, aqui, do mar só se sente a brisa logo pela manhãzinha que é quando as crianças ainda dormem no seu sono mais descansado.Um dia, talvez por avistar uma folha a virar no passeio julgam que vislumbram o vento. Talvez, por aí, um dia nasça o infinito.
segunda-feira, agosto 28, 2006
Pescas
É bem verdade que isto de se ter um contador que nos mostre - até certo ponto - a proveniência das pessoas que nos lêem, tanto nos traz algumas vantagens como é uma verdadeira fonte de júbilo.
Era para vos mostrar alguns snaps que tirei ao montante de gente que cá veio através da simples palavra "sexo" - sim, eu realmente fiz de propósito ao intitular desse modo aquele post -, mas hoje, ao ver uma certa entrada, desisti da ideia inicial, porque esta sim, ofereceu-me uns momentos de excepcional prazer.
Tenho adiado a partilha deste blog com amizades anglófonas por uma boa razão. Esta. A partir do dia em que me lessem aqui, é que me passavam definitivamente o atestado de "weirdness". :-)
Que não me leve a mal a pessoa que cá veio, gostaria que voltasse sempre; se bem que depois daquela leitura, duvido bastante que regresse. :-)
(O url na íntegra)
sexta-feira, agosto 25, 2006
De forquilha em descanso
Apetece-me dar um berro que atire com esta gente toda ao chão...! Ela olha a outra por cima dos óculos, esta tipa passou-se, enquanto lhe diz, vai lá para fora e berra. A outra abana a cabeça que não, Mas não é a mesma coisa, não entendes? Aqui dentro é que teria o efeito esperado. Não há compreensão nenhuma; duas escalas musicais em completo desalinho. A outra amua, desliza até ao fundo do balcão e enfia o nariz em cima da prateleira. A dos vinhos. Quando os olhos se encaixam no rótulo, Oh bendito enólogo!, onde quer que esteja, José Neiva, saiba que lhe estou grata pelas pedras do monte.
Lentes XXIV
Esta não devia ser publicada, eu sei. Eu sei que devia ter escrúpulos bloguísticos semelhantes, mas assim estava destinada; quando o vi ali erecto no meio do areal, não resisti, clic. Sendo assim, olha, vai de braço dado com esta, uma virada para norte e outra para sul, vão dando vivas ao facto de não terem existido sinais destes por altura dos descobrimentos.
Areia Branca, Junho 2006
Desilusão
Foi uma sensação muito semelhante àquela que se tem aquando ao primeiro encontro, aqueles segundos que se antecedem ao virar da esquina, a antecipação escala ao topo do esófago, é já ali, 'tou quase lá, só mais um segundo e... o banco vazio! Tudo esmorece. A paisagem fica baça e descolorida, murcham até os candeeiros de rua. No meu caso em particular ficou mesmo em branco. Por oito vezes consecutivas fiquei com a espinha atravessada na garganta.
Agora faço o quê, a uns cinco mil e tal quilómetros de distância? Onde vou arranjar aquelas dezasseis páginas que me faltam na 13ª edição do romance?
Ai Caminho que me deste descaminho a tal obra.
Apontamento futuro: Há que folhear ao comprar.
terça-feira, agosto 22, 2006
Lentes XXIII
Rabiscado a lápis - já a perder os contornos - num caderno de argolas, folhas que pendem por fiapos de papel :
Ao admirar esta vastidão de água, tenho a sensação de que a vida me passa ao lado. Imobilizada no tempo, deixo que a água grave em mim sensações que não pertencem a tempo algum.
Julho, 2004
Nota posterior:
Pôr do sol visto da falésia entre Areia Branca e Paimogo. Atlântico, portanto.
Dois tempos fundidos num só, daí a desordem das ideias. O escrito foi-o quando os olhos viam, não estas águas mas outras, no entanto eram para elas o pensamento.
segunda-feira, agosto 21, 2006
Lentes XXII
Nota posterior:
Óbidos. As letras entretecidas A e M, que por casualidade são as minhas duas primeiras iniciais - e certamente de mais de sessenta por cento da população portuguesa.
sábado, agosto 19, 2006
Lentes XXI
sexta-feira, agosto 18, 2006
Sexo
Desceu as escadas aos solavancos, tropeçou na soleira da porta, e só com 3 passadas mal dadas se conseguiu equilibrar de novo, levando consigo como despedida, dois ligeiros sorrisos dinamarqueses e, no topo das escadas, um eu erecto com estandarte nenhum. Julguei que seria essa a minha última imagem dele, levava fogo no rabo, só pararia em chegando a Marte, estava apostada nisso. Mas não. Voltaria a cruzar o olhar com a figura dele, só na figura e não no olhar. Coisas do acaso que a nós nunca nos pedem licença para acontecerem. Fiquei feliz por isso e por ver que depressa se restabeleceu da queda.
Outro continente, outra idade, mas, estou muito segura, um comportamento bastante idêntico ao de agora. O meu.
You're weird, disseram-mo há dias.
You're funny, disseram-me pelo episódio das escadas, what do you mean: funny-haha or funny-weird?, ...funny-weird!, e ondulou de novo na dança.
Dou, portanto aqui, a mão à palmatória. Afinal o mergulhador tinha razão!
E entre os vinte e dois anos que permeiam os dois weirds ditos, muitos houveram que o foram transmitidos por olhar somente. Cá chegaram, obrigada, com atestado genuíno.
Quando uma mulher não trás foda acrescida, quer nos intuitos, quer nas frases que antecedem os seus movimentos, corporais e ademais, é vista e tida - mas sem nunca o ter sido -como weird. Uma dúvida porém, paira empastosamente sobre mim. Será que isto sucede em todas as cabeças masculinas ou só nas anglófonas?
quinta-feira, agosto 17, 2006
Lentes XX
"... é como viver no meio de um lago sem nunca poder molhar os pés."
- Mécia de Sena
Não que o tenha sido. Não foi nem será nunca.
Nunca aí irei regressar porque nunca daí a minha alma saiu.
Lentes IXX
terça-feira, agosto 15, 2006
Nexo
Só me apercebi do que aquela voz apressada relatava nas notícias das 14h, quando a palavra-chave foi pronunciada: blackout. Tal é a pressa com que as coisas são descritas que só atingo a proporção da notícia com este pequeno truque de palavras.
E foi essa, blackout, que despertou em mim uma vaga de reconhecimentos.
O famoso apagão que por aqui deixou praticamente meio mundo ás apalpadelas já fez três anos no dia 14 de Agosto. Imagine-se tal.
Partia no dia seguinte para uns dias de 'repouso' à borda do Erie: dormir debaixo de árvores, ouvir os grilos a acordarem-me pela manhã, cumprimentar boa-noite a skunks floridos à saída da tenda, sentir rebentar a mais linda trovoada ao alcance de um polegar e extasiar-me com a chuva de estrelas cadentes.
Não teria interruptores para ligar.
Na altura não lhe vi a particularidade da ironia; hoje sim, após o pó assentar na conjuntura daquele tempo é que me apercebo do que aquele apagão iria simbolizar na minha vida. Os traços que se foram materializando aqui e ali - Esboços, o Azulejo, o primogénito Sem Título -, traços estes que se começaram a gerar por aquela altura. A bem dizer, de apagão pouco ou nada teve - ou tem -, porque os olhos, uma vez adaptados à escuridão, obtêm desse estado inicial e aparentemente caótico, uma visão do essencial bem mais detalhada. A preto e branco. Seja.
Nunca os céus estrelados puderam ser tão justamente apreciados por milhões de citadinos como nessa noite.
Nunca a minha vida teve um bréu tão estrelado como a partir dessa data.
If only, a alavanca do conhecimento fosse assim tão fácil de encadear.
Saídas pequenas
- Mããã... I'm hungry!!
- O jantar 'tá quase pronto...
- But I want to eat something right now!!
- How about eating your words?! - dito de sobrancelha esquerda elevada e um sorriso irónico nos lábios, - isto, tendo em mente que estava a tentar terminar de esfregar a cozinha, cozinhar, lavar a roupa, impedir que lhe assaltassem a cozinha, desinfestar o quarto-de-banho: tudo ao mesmo tempo.
- But then... I wouldn't be able to speak...
11 Agosto 2006
domingo, agosto 13, 2006
sexta-feira, agosto 11, 2006
Ainda a Regaleira
"Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Conheço a Itália, a Sicília, a Grécia e o Egipto, e nunca vi nada, nada que valha a Pena. É a coisa mais bela que tenho visto. Este é o verdadeiro jardim de Klingsor - e, lá no alto, está o castelo do santo Graal."
Richard Strauss
E o poço, esse, subi-o.
Reguemos a leira.