A internet e as vantagens de se pescar o impensável, trouxeram-me há pouco tempo:
A minha segunda escola.
Desde 1976, ano em que lá dei os meus primeiros passos a medo - um mundo que se alargou do dia para a noite, onde os véus negros foram substituídos por vestes comuns - até 1984, ano em que lhe disse adeus e o medo agora já era outro. Esse piso tornara-se o seguro e as lágrimas já eram então de saudade.
Os colegas de turma marcam, e as lembranças dessas amizades ficam sempre connosco a servir de apoio, mas os professores, de uma maneira especial, deixam sulcos para a vida.
Havia o Leite, de quem ainda hoje leio do meu caderno alguns aforismos expelidos em boa hora e em exclusivo:
"Pense com o pensamento dos seus avós e encontrará a razão do seu ser."
29 Nov. 83
"A gente confunde a bengala com o Barbosa".
29 Nov. 83
"O Rego dá História mas não se situa".
"O peido é sempre um facto construído".
Havia o Barbosa, amigo e matemático tanto no ser como no agir; "Oh Barbosa... 'tás nervosa?" a ouvir-se através da janela numa sala do rés-do-chão e a fuga rápida do comediante; assim como o Bessa dos poemas e colagem fotográfica por terras de África e claro, como poderia esquecer o trapalhão do Rego - o tal de História - e o seu "... e o rei... ASSASSINOU-SE!". Delírio total na sala perante tal chacina e um olhar espantado e ignaro do professor.
A Carrilho, o Mafalda, o Cunha, e tantos outros que nos fizeram as delícias de uma adolescência espremida a morno, sem as correrias de agora. As horas preenchiam-nos. Enquanto que neste presente preenche-se exageradamente as horas com supostas instruções.
Não estou, nem reconheço ninguém na fotografia mas lembro-me perfeitamente daquela rampa e das sebes que a ladeavam. Alguém que aqui venha e se veja ali?
:-)
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