Cerca das duas de uma tarde de Inverno. Tarde de sexta-feira fria, de janelas geladas e suadas. O chão da cozinha implorava há uma eternidade que o refrescassem e eu olhava para o manto branco e só pedia que aquele frio me refrescasse as ideias. Com pouca vontade recolho o necessário a tal tarefa e é com estranheza que dou comigo a ler o rótulo do produto. Não as gordas, mas aquelas intermédias. Sunny Day Scent.
Com que artefactos se armaram eles para chegarem a este cheiro?
E que ligação com o Verão?
Munida desta curiosidade, abracei o esfregão já com outro entusiasmo.
E surpresa das surpresas!
Bailou-me aos olhos as tardes quentes de Verão. Do bidão em cima da placa, com água aquecida pelo sol, dos duches lá tomados no improviso do ralo dum regador.
E também de outras tardes, sempre aos sábados. Do cheiro que os banhos semanais impregnavam nas paredes de casa , e o vapor da água a escorrer pelo azulejo prolongava a magia desses rituais.
Agora toma-se tanto banho que nos será, por certo, impossível recordar no futuro qualquer cheiro deles.
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