E vêm estas criaturas ao mundo para padecerem e expiarem as culpas dos pais?
Fotos de James Nachtwey.
Obrigada D.
E vêm estas criaturas ao mundo para padecerem e expiarem as culpas dos pais?
Fotos de James Nachtwey.
Obrigada D.
O sorriso não faz parte do teu vocabulário. Os pesos que carregas em cada ponta dos lábios proferem-te essa arrogância permanente no olhar. Quanto cansaço, quanta opressão...
Calca e recalca-te a emoção nesse coração onde o eco parece dizer preeeeenche-meeee.
O amor. Lembras-te ainda como se faz? Como se consegue ser TÃO feliz ao se esvaziar completamente nesse dar amor. Saberás isso?
Tem sido má a vida para contigo, ou terás sido tu má para com ela?
Um Re: de referência vazia no e-mail que agora mesmo li, vindo de quem veio, era um mau prenúncio. Foi sim.
E estou aqui perante este ecrã sem saber o que dizer, o que te poderei vir a dizer, para te consolar nessa dor.
Qual consolo, qual merda! Não acredito que haja palavra alguma que te, vos, consiga apaziguar a alma. Não há! Rolam-se-me as lágrimas, mas de pouco servem, só mesmo para anestesiar temporariamente a dor.
Tanta luta em vão, criatura mais linda, e sempre - assim mo disseram porque nunca tivemos o tempo de nossa feição para que nos conhecessemos pessoalmente - sempre guerreira de sorriso iluminado e obstinação ferrenha de viver.
Pouco mais velha seria do que a Verónica.
E pouco sentido farei hoje nestas linhas.
Desculpa-me, Carlos por nem sequer estar presente. Só num abraço vos poderia mostrar o quanto eu daria para que estas recordações não fizessem parte do vosso baú.
Re:
"this world was never meant for someone as beautiful as you..."
A Regina partiu no passado dia 6 de Setembro.
Vasco
Senti-lhe o transtorno no olhar, mesmo antes de o ver, no pulo que deu ao sair da cama e nos seus passos apressados pelo corredor. Foi atrás, não viu quem buscava, correu em direcção à cozinha, o ponto de encontro de quase todas as manhãs. Ali estacou, na soleira da porta que nunca ali existiu enquanto aqui vivemos, e, no segundo seguinte ao que me pareceu mais longo, sinto-lhes as mãos a apertarem forte o meu torso, a cabecita encostada às minhas costas.
Desligo a torneira, viro-me para ele e pergunto-lhe Tiveste um sonho mau, foi?... No, just a sad dream....
Tive dificuldade em me baixar tal era a sua relutância em me largar dos seus braços, e sentar-me no chão com ele ao meu colo.
Que foi que se passou no sonho, Daniel?, perguntei-lhe mais vezes do que as que queria, mas a resposta foi sempre a mesma: um silêncio assustado de quem com ele, o silêncio, deseja afastar certas lembranças.
Fiquei doente?, Morri?, Chorei? Ri?... abanou que não, nada disto acontecera.
Com a ajuda duma das minhas "escudeiras", vim a saber do caso.
Mas isso é lindo, Daniel! Não precisavas ter ficado tão triste. It's not, mã. It was sad. Because in the end - como num filme, o fim - you waved good-bye and swam away.
No filme dele eu tinha-me transformado numa sereia.